Rogério Ceni trocou o certo pelo duvidoso?

O treinador deixou o comando técnico do Fortaleza em agosto para assumir o Cruzeiro

Rogério Ceni no comando do Fortaleza (à esquerda) e no Cruzeiro (à direita). (Foto 1: Leonardo Moreira/Fortaleza EC | Foto 2: Vinnicius Silva/Cruzeiro EC)

Abatido, Rogério Ceni se disse envergonhado ao conceder coletiva de imprensa neste domingo, 8, após derrota do Cruzeiro para o Grêmio por 4 a 1, jogando no estádio Independência, em Minas Gerais. A partida foi válida pela 18ª rodada do Campeonato Brasileiro Série A.

“Eu preferia não dar entrevista pra vocês. Só venho por educação mesmo cumprir o meu papel. Eu já perdi na minha vida, muitos jogos, mas existem maneiras e maneiras de você ser derrotado”, disse o ex-treinador do Fortaleza, que deixou o clube em agosto para assumir o time celeste.

Ao ir para o Cruzeiro, Ceni vislumbrou uma equipe com maior poderio financeiro, um elenco com mais qualidade, a possibilidade de conquistar um grande título – a Copa do Brasil, a qual foi eliminado após perder para o Internacional por 3 a 0 no Beira Rio. Além disso, viu o desafio de fazer a equipe mineira voltar aos trilhos e a chance de alçar voos mais altos no Brasileirão.

A mudança do treinador foi apoiada por parte da grande mídia, sob a justificativa de que o Cruzeiro, por se tratar de um grande clube, proporcionaria a possibilidade de conquistas maiores ao ex-jogador. O que não seria possível no Fortaleza, recém-chegado a elite do Brasileirão, que apesar das conquistas dos últimos anos ainda está atrás de maioria dos concorrentes da Série A.

Acontece que o ex-goleiro e ídolo do São Paulo trocou a paz que tinha no tricolor, pela instabilidade que vive o Cruzeiro. O time celeste enfrenta uma grave crise financeira, além de uma pressão imensa pela sequência de resultados negativos. A diretoria da agremiação é investigada por indícios de pagamentos suspeitos, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro.

No Fortaleza, Ceni tinha a garantia de continuidade do trabalho. Em 2018, o presidente Marcelo Paz bancou o técnico depois da chuva de críticas que recebeu, após a perda do título cearense para maior rival, o Ceará, sendo derrotado nos dois jogos da final. A diretoria do clube mineiro manteria Rogério, acreditando em seu projeto, caso o treinador passasse por uma sequência ruim?

Diferente do Leão do Pici, a qual teve aval para montar o elenco com os jogadores que melhor se encaixassem em sua filosofia, na equipe celeste, o treinador recebe a herança deixada por Mano Menezes, com a missão de implantar seu estilo de jogo durante uma temporada que já está em andamento.

Ceni largou um vestiário que tinha total domínio para encarar a “panelinha” de medalhões acostumados com o estrelismo de atuar em grandes equipes. Na derrota para o colorado, no meio da semana, que culminou na eliminação da semifinal da Copa do Brasil, Thiago Neves criticou as mudanças na escalação realizadas pelo treinador.

“Hoje era um jogo diferente, e nós tivemos que adaptar a um novo esquema. Na minha opinião, você querer mudar dois, três jogadores fora de casa é muita coisa, ainda mais de um time que vem formado”, disse o meia após o revés que deu fim ao sonho de heptacampeonato da competição para o Cruzeiro.

Ao final do jogo deste domingo contra o Grêmio, Ceni disse: “Se for pra continuar no Cruzeiro nós temos que ser de maneira diferente. Entao, a gente precisa mudar drasticamente a situação, mesmo que a gente apanhe nos próximos jogos, mas a atitude nós vamos ter que mudar. Porque não faz sentido nem eu ficar aqui, muito menos comparecer após um jogo pra dar uma entrevista”.

Era natural a saída de Rogério Ceni do Fortaleza ao fim da temporada, após o sucesso que obteve a frente do clube. No tricolor, o treinador teve conquistas inéditas como a Série B e a Copa do Nordeste, além do estadual de 2019, que o credenciaram a ser o maior técnico da história do Leão do Pici.

Ceni deveria e merecia ir para outra equipe a qual pudesse implantar a sua filosofia de jogo, assim como teve a liberdade de fazer no Fortaleza. Um ambiente estável em que tivesse a oportunidade de trabalhar, além do apoio necessário para mostrar todo o seu trabalho.

Em tempos, seria injusto culpar Ceni pela situação da raposa, já que o técnico fez apenas quatro jogos e recebeu o clube em um ambiente totalmente desfavorável. Mas é nítido que o ex-goleiro do São Paulo encontrou pela frente um desafio maior do que imaginava.

4 comentários

  1. […] O time treinado por Rogério Ceni volta a encarar os comandados de Jorge Sampaoli após o eletrizante empate entre as equipes no primeiro turno. A agremiação cearense chegou a estar perdendo por 3 a 0, mas reagiu no segundo tempo e empatou. A época, a equipe era dirigida por Zé Ricardo, que assumiu o time após o ex-goleiro do São Paulo ir para a Raposa. […]

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