Dono de emissora na Paraíba sugere apedrejar jornalistas que noticiam mortes por coronavírus

O ex-senador recuou e pediu desculpas pela fala

(Foto: Geraldo Magela/Agência Senado)

O empresário Roberto Cavalcanti, dono Sistema Correio de Comunicação, sugeriu nesta quinta-feira, 14, que sejam “apedrejados” nas ruas os jornalistas que noticiam mortes em decorrência do Coronavírus. As informações são do UOL.

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A declaração foi dada durante entrevista ao programa Correio Debate, da rádio Correio 98 FM. “Tem determinadas emissoras que dão placar de quantos morreram no país. Parece que são gols da seleção do Brasil. ‘Hoje, 10 mil gols, batemos o recorde.’ Isso é uma vergonha. Isso é um país que deveria ter vergonha na cara. O jornalista, o radialista que fizesse um negócio desses deveria ser apedrejado na rua”, afirmou.

A empresa presidida por Calvacante, que é ex-senador, compreende a TV Correio, afiliada da Record TV na Paraíba. Em 2006, quando foi 1º suplente de José Maranhão (MDB-PB), assumiu a titularidade por alguns meses. Com a renúncia de Maranhão, no dia 18 de fevereiro de 2009, quando assumiu Governo da Paraíba, o político herdou em definitivo o mandato, concluindo em 1º de fevereiro de 2011.

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Após fala, o ex-parlamentar voltou atrás e se desculpou: “Na verdade, eu descarrego esse meu silêncio de 62 dias para hoje — talvez me exaltei, peço desculpas. A minha forma de conduzir no dia a dia é da parcimônia, de agregar, de conquistar, mas tem momentos em que você assiste ao assassinato de pessoas, ao assassinato de empresas”, disse.

E continuou: “Isso não é possível. Não é possível que o Brasil não se revolte contra isso e deixe de lado o problema de ser de um lado ou de outro da política. Já falei demais, peço perdão mais uma vez”, finalizou.

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Repercussão

Com a repercussão da declaração de Cavalcante, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais da Paraíba lançou nota de repúdio. Confira o comunicado na íntegra:

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais da Paraíba, filiado à FENAJ, vem a público repudiar as declarações do ex-senador e empresário do Sistema Correio, Roberto Cavalcanti, durante programa na Rádio 98 FM, que faz parte do conglomerado de comunicação. Em um momento no qual a imprensa brasileira vem sofrendo diversos ataques durante a cobertura da pandemia do coronavírus, agressões verbais e até mesmo físicas, o ex-senador afirma que jornalistas e radialistas que noticiam as mortes pela covid-19 deveriam ser apedrejados na rua.

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A declaração, além de chocante, causa repulsa na categoria, que foi considerada como serviço essencial durante a pandemia e continua trabalhando em seus postos normalmente. Nem mesmo as funções com possibilidade de trabalho remoto foram liberadas para tal. Outro agravante é a falta de equipamentos de proteção individual como máscaras em diversos desses locais do Sistema Correio, onde os trabalhadores estão expostos e, com isso, já foram identificadas pelo menos cinco infecções pelo vírus.

Agrega-se a essa situação que por si só já define o pensamento do Sr. Roberto Cavalcanti acerca dos trabalhadores que emprega o fato de ter extinguido, em plena pandemia, o jornal impresso Correio da Paraíba, deixando 38 jornalistas desempregados e sem perspectiva.

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Porém, a atitude, apesar de grave, não surpreende, pois o Sistema Correio, do qual o Sr. Roberto Cavalcanti é empresário, há anos vem se negando a negociar reajustes para a categoria e, na primeira oportunidade de flexibilização de direitos, realizou uma demissão em massa mesmo em um momento no qual a proteção ao trabalhador deveria ser prioridade.

Repudiamos esse tipo de postura de qualquer pessoa, especialmente no que se refere a um empresário da área de comunicação. Tomaremos todas as medidas cabíveis para reparar a categoria em relação a essa declaração infeliz.

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