Jovem Pan e Record demitem Rodrigo Constantino após fala em que culpabiliza vítimas por estupro

Fala repercutiu na web que pressionou pela demissão de Constantino

(Foto: Reprodução)

Veículos de comunicação que mantinham contrato com o comentarista Rodrigo Constantino o estão demitindo após fala sobre o caso Mariana Ferrer. Em trecho de live que foi amplamente compartilhada nas redes sociais, o jornalista justifica que a conduta das vítimas seria responsável por casos de estupro.

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Repercutia na web, após vídeo divulgado pelo The Intercept Brasil, o tratamento desumano dado a Mariana Ferrer durante sessão de julgamento da acusação de estupro contra a modelo. Na ocasião, o advogado do empresário André de Camargo Aranha, acusado pelo crime, humilha a vítima durante julgamento. Cláudio Gastão da Rosa Filho mostra fotos de Mariana alegando que ela posou em “posições ginecológicas”, além de acusá-la de utilizar-se da própria virgindade para promoção nas redes sociais.

Ao comentar o caso em uma transmissão ao vivo, Constantino disse que, se em alguma ocasião a filha fosse para uma festa e acabasse sendo violentada, iria perguntar as “circunstâncias” para decidir se denunciava o estuprador ou iria “castigar” a filha.

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“(Caso a filha relatasse) Fui para uma festinha, eu e três amigas, tinham dezoito homens, nós bebemos muito e eu tava ficando com dois caras. Eu acabei dormindo lá e fui abusada. (Constantino responderia que) Ela vai ficar de castigo feio. Eu não vou denunciar um cara desse para a polícia, vou dar esporro na minha filha, que alguma coisa ali ela errou feio. Eu devo ter errado para ela agir assim, que é um comportamento absolutamente condenável”, disse o economista.

Na sequência, o jornalista ainda atacou o movimento feminista. “A gente não pode falar mais as coisas hoje em dia. Que existe mulher decente ou piranha. O que acabei de falar é que o homem que faz uma coisa dessa não é decente, mas não existe também a ideia de mulher decente? As feministas querem que não porque feminista é tudo recalcada, é ressentida, normalmente mocreia, vadia, odeia homem, odeia união estável no casamento, odeia tudo isso”, afirmou.

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Após os comentários, diversos internautas inundaram as redes sociais dos veículos de comunicação exigindo posicionamento sobre a conduta de Constantino. A Jovem Pan foi a primeira a demiti-lo. “Diante do ocorrido nesta quarta-feira em uma live independente promovida fora de nossas plataformas por um de nossos comentaristas, o Grupo Jovem Pan esclarece que desaprova veementemente todo o conteúdo publicado nos canais pessoais e apresentado nessa live, disse em nota.

“Reafirmamos que as opiniões de nossos comentaristas são independentes e necessariamente não representam a opinião do Grupo Jovem Pan. No caso de Mariana Ferrer, defendemos que a vítima não deve ser responsabilizada pelos atos de seu agressor, apesar do respeito que todos nós devemos ter às decisões judiciais”, acrescentou o comunicado.

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Veja a nota completa

(Foto: Divulgação)

Depois foi a vez da Record desligar o Constantino. “Apesar de ter garantias de liberdade editorial e de opinião, julgamos que o posicionamento adotado por Constantino não compactuou com o nosso princípio de não aceitar nenhum tipo de agressão, violência, abuso, discriminação por questões de gênero, raça, religião ou condição econômica”, disse o grupo por meio de fraude.

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O economista escrevia para o site R7, para o jornal Correio do Povo, em Porto Alegre, além de comentarista na Record News e na Rádio Guaíba (também da capital gaúcha). Todos estes romperam vínculo com Constantino.

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Nas redes sociais, o comentarista disse que “distorceram” a sua fala. “Vocês venceram uma batalha, parabéns! A pressão foi tão grande sobre a Jovem Pan, distorcendo claramente minha fala, que não resistiram. Não os culpo. É do jogo. Quem me conhece e quem viu de fato sabe que eu jamais faria apologia ao estupro! Mas desde já estou fora da Jovem Pan”, disse.

(Foto: Reprodução)
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Sobre a demissão da Record, o jornalista disse: “Foi mais um veículo que não aguentou a pressão. O departamento comercial pede “arrego”, pois recebe pressão de fora, dos chacais e hienas organizados, dos “gigantes adormedidos”. Sim, perdi mais um espaço, mas sigo com minha total indecência e com minha integridade.

(Foto: Reprodução)

Leia a íntegra da nota da Record

“Grupo Record informa o desligamento de Rodrigo Constantino

A decisão foi tomada em virtude das posições que o profissional assumiu publicamente sobre violência contra a mulher, em canais que não têm nenhuma vinculação com nossas plataformas.

O jornalismo dos veículos do Grupo Record tem acompanhado com muita atenção o caso de Mariana Ferrer e o Grupo não poderia, neste momento, deixar qualquer dúvida de que justiça não se faz responsabilizando ou acusando aqueles que foram vítimas de um crime.

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Apesar de ter garantias de liberdade editorial e de opinião, julgamos que o posicionamento adotado por Constantino não compactuou com o nosso princípio de não aceitar nenhum tipo de agressão, violência, abuso, discriminação por questões de gênero, raça, religião ou condição econômica.

Este é o compromisso do jornalismo do Grupo Record.

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