Análise | Fim do sofrimento de Gabriel Fernandez

(Foto: Reprodução/Netflix)

A história do pequeno Gabriel Fernandez ganhou um documentário com seis episódios na Netflix. Baseado em fatos reais, a narração é minuciosamente detalhada, com cenas de maus tratos, violência, abusos, indignação e por fim a mais triste, de assassinato.

Envolvendo quatro personagens principais, a mãe de Gabriel, Pearl Fernandez, o padastro, Isauro Aguirre, o Conselho Tutelar e Gabriel, de apenas 8 anos. Fazem parte dessa história com fatos reais.

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Gabriel Fernandez

Uma criança que teve seu cordão umbilical cortado logo cedo com a mãe, que não queria a gravidez, e ainda sofreu pressão dos pais para abortarem, já que ela tinha dois filhos mais velhos pelos quais já não dava atenção. Gabriel  havia conquistado o coração do tio da Pearl e seu companheiro que pediu sua guarda ilegalmente para ficar com o bebê assim que nascesse, Pearl aceitou sua proposta já que não queria o filho.

Gabriel viveu seus quatro anos mais felizes ao lado do casal, nas fotos que são divulgadas durante o documentário, ele mostra bem feliz ao aparecer com sua nova família. Logo depois, esse vínculo foi cortado quando os avós não quiseram ver o seu neto criado com um casal de gay e Pearl foi busca-lo para viver com ela e seus irmãos. Antes de ser assassinado, Gabriel passou um tempo morando com seus avós, mas voltou para casa da sua mãe.

Tio do Gabriel que o adotou quando bebê.

Os momentos de alegria na vida desse menino, terminou. A mãe que já havia abandonado desde seu nascimento, não mostrou nenhum afeto pela criança. Pearl já estava em outro relacionamento, e o padastro de Gabriel compartilhava do mesmo sentimento.

Dentro de uma apartamento fechado e pequeno, ele viveu os piores e últimos meses da sua vida. Durante o documentário, fotos do caso que comprovam a tortura mostra que a vida dele já tinha chegado ao fim desde que ele voltou a morar com sua mãe.

Segundo a investigação, Gabriel dormia dentro de um armário no quarto da sua mãe, amarrado e com um lenço na boca durante a noite toda e era obrigada a se alimentar da areia que pertencia as fezes do gato que eles criavam. Ele era espancado com tacos de beisebol e sua cabeça era jogada constantemente contra a parede, no seu corpo havia marcas da ponta de cigarros e cortes por toda a parte. Não havia uma razão certa dada pelos assassinos, mas segundo os membros da família, Gabriel sofria esse abuso por ser considerado gay pela mãe e padastro.

O pequeno Gabriel deu entrada em um hospital, depois de uma chamada para a central 911, onde disseram que ele não estava respirando.Ao chegar na emergência, foi notado que a criança tinha fraturas por todo corpo, traumatismo craniano e marcas de queimaduras de cigarro, além de duas balas de chumbinho alojadas em seu corpo.

Gabriel foi para emergência como uma tentativa de salvar sua vida, mas teve os aparelhos desligado após entrar em coma induzido.

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Professora

Apesar da vida turbulenta do menino Gabriel, ele tinha um costume de frequentar a escola. Durante seus momentos na sala de aula, a professora, Jennifer Garcia notou sua inteligência e dedicação com os estudos. Mas também percebeu que ele começou a ir a aula sem alguns fios de cabelo, com feridas no couro cabeludo, lábios inchados, hematomas no rosto ou ferimentos causados por tiros de uma pistola de ar comprimido. Preocupada com a situação do garoto, ela ligou para o Conselho Tutelar para denunciar o caso mas não obteve respostas. Foi quando ele passou a não frequentar mais a escola.

Durante a história, houve um fato marcante, a professora mostra o trabalho que as crianças haviam feito para o Dia das Mães que estava próximo, Gabriel participou desse momento e na carta dizia: “Desculpa mãe, eu vou melhor. Te amo”. Mas a carta não pode ser entregue, pois ele já não tinha mais vida. Ao contar a história ela fica bastante comovida com a situação e se sente culpada por não ter insistido em salvar a vida daquele garoto.

Pearl Fernandez

(Foto: Reprodução/Netflix)

Mãe solteira, além de Gabriel, tinha dois filhos: Ezequiel e Virgínia, ambos menores de idade. Pearl teve sua adolescência e relacionamentos bastantes conturbados, problemas com álcool e drogas fizeram grande parte da sua vida. Pearl era conhecida pela sua rigidez e frieza com todos seus relacionamentos, segundo amigos próximos da mesma, ela tinha poder em sua relação com seu atual namorado, por isso ele só maltrataria o seu filho, com sua permissão.

Os irmãos de Gabriel não tiveram sua identidade visual revelada por ordem de proteção da justiça, mas segundo eles, não sofreriam nenhum tipo de abuso pela sua mãe. Ao ser acusada pela justiça de ser o principal motivo da morte do seu filho, Pearl é gravada enquanto conversa com seu namorado quando ficaram sozinhos por algum momento, ela pede insistentemente que ele minta sobre o que de fato aconteceu e que eles não tiveram culpa.

Depois de ouvir a condenação, Pearl decidiu se declarar culpada, evitando assim um julgamento e a pena de morte. Ela foi condenada à prisão perpétua sem a possibilidade de liberdade condicional.

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Isauro Aguirre4

Isauro enquanto estava no julgamento com seus advogados de defesa.

Segurança em uma casa de repouso para idosos e sem nenhum problema com  a polícia ou  histórico negativo que esperasse tal conduta, sua história foi contada em pequenas detalhes e durante o julgamento para sua condenação ele pareceu frio e sem esborçar nenhuma reação sobre as acusações que eram feitas detalhadamente pelo júri.

Isauro fez parte de todos os momentos que Gabriel foi espancado, juntamente com sua atual namorada, diariamente eles levavam o menino para o quarto para iniciar o abuso.

A chefe de Isauro foi levada a julgamento em favor do mesmo, ao alegar que no trabalho ele se comportava com um homem gentil, dócil e educado. Que não acreditava que ele poderia ter cometido esse crime.

Ele foi condenado em 2018, a pena de morte. 

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Conselho Tutelar

Julgado por não prestar auxílio a criança, vários conselheiros tutelares foram acusados por não investigar o caso. Segundo os avós da criança, todas as vezes que eles iam até a casa de Pearl visita-los eles acreditavam na versão da mãe, mesmo com insistência da denúncia, não houve uma investigação brusca por parte deles.

As assistentes sociais Stefanie Rodriguez e Patricia Clement e os supervisores Gregory Merritt e Kevin Bom foram formalmente acusados de abuso infantil e falsificação de registros públicos em 2017.Os quatro já haviam sido demitidos logo após a morte de Gabriel.

Merritt, Conselheiro Tutelar que fazia parte do grupo que recebeu a denúncia sobre o caso Gabriel Fernandez. (Foto: Reprodução/Netflix)

Merritt concordou em participar do documentário para apresentar sua versão dos fatos.Ele relatou as dificuldades do serviço social e sobre como os assistentes estão sobrecarregados, frequentemente lidando com 25 a 30 casos de crianças cada um. Segundo ele, os casos de proteção infantil se concentram na preservação da unidade familiar e a separação ou retirada forçada de menores de uma família é um processo traumático. Finalmente, um tribunal de apelações na Califórnia determinou em janeiro passado que eles não deveriam enfrentar acusações criminais no caso de Gabriel.

A tia-avó de Gabriel chegou a chamar a polícia depois que o menino apareceu em sua casa com os olhos roxos e a cabeça raspada. Porém, ficou sabendo pelos vizinhos, que os policiais acreditaram nas mentiras da mãe e ainda ameaçaram a criança com prisão caso fossem acionados novamente.

Segundo as provas mostradas pela justiça que ficou responsável pelo caso, Pearl foi chamada juntamente com Gabriel para prestar depoimento, mas logo em seguida eles foram liberados. O policial que estava de plantão naquela noite, notou que era visível os machucados no garoto.

A promotoria da cidade processou os quatro assistentes sociais envolvidos no caso por negligência, mas o juiz arquivou os processos sem condenação.

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Promotoria

Pearl e Isauro foram presos e acusados de homicídio culposo em primeiro grau. A promotoria de Los Angeles anunciou que iria pedir a pena de morte para os dois.

No início, apenas um julgamento seria realizado, mas depois foi decidido julgar o casal separadamente por temores de que as limitações intelectuais de Pearl, atestadas pelos especialistas que a examinaram, atrasassem o processo.

Promotor Jon Hatami responsável pelo caso.

O promotor responsável pelo caso foi Jon Hatami, que atua como o fio condutor do documentário da Netflix, que teve acesso exclusivo ao tribunal. Hatami mostra seu lado mais pessoal, abre sua casa para o espectador e conta como ele próprio foi vítima de abusos físicos por seu pai, o que faz com que a história de Gabriel tenha um significado especial para ele.

O que as testemunhas da acusação contam é chocante. Alguns dos paramédicos que atenderam à chamada de emergência dizem que foi possível identificar imediatamente que Gabriel tinha diversas contusões na cabeça, várias costelas quebradas, partes da pele queimada e as mãos inchadas. O médico legista que realizou a autópsia relata que Gabriel estava com estômago cheio de fezes de gato.

O advogado de Isauro, incapaz de negar as provas da causa da morte de Gabriel, baseou sua defesa em argumentar que o espancamento não foi premeditado, mas o resultado de um acesso de raiva. Ele pediu aos jurados que condenassem seu acusado por homicídio em segundo grau, mas foi negado.

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2 comentários

  1. E quanto a estes assistentes sociais também deveriam ser punidos .Por tamanha incompetência,e pouco caso em relação aos relatos do menino Gabriel.

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  2. E UM CASO TERRIVEL, JAMAIS SERA ESQUECIDO O QUE ESSA CRIANÇA PASSOU NAS MAOS DESSES 2 MONSTROS, EU SO LAMENTO QUE SOMENTE O PADRASTO DE GABRIEL FOI CONDENADO A PENA DE MORTE, A MAE SE E QUE SE PODE CHAMAR DE MAE UM MONSTRO DESSES DEVERIA TER SIDO CONDENADA A PENA DE MORTE TAMBEM, MESMO A PENA DE MORTE E UMA PENA BEM LEVE PARA OS DOIS AI.

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